sexta-feira, 28 de junho de 2013

Was it a bad dream?

   Era apenas um dia como outro qualquer. O despertador toca e, após desligá-lo, fico deitado por mais alguns minutos até que a coragem de levantar chega até mim. Puxo os cobertores para o lado, me arrasto para fora da cama e abro uma pequena fresta da janela. O vento frio me faz recuar e o céu nublado me instiga a voltar para baixo das cobertas. Persistente, sigo até o guarda-roupa, abro-o e pego uma calça qualquer. Fitando a alta pilha de roupas e sem vontade de escolher, me contento com a bem de cima. Sem muita firmeza, sigo até o banheiro e ligo o chuveiro. Vou me despindo enquanto sinto o frio se alastrando por cada fração do meu corpo, até que finalmente é quebrado pelo jato de água quente que sai do chuveiro. Fico alguns minutos de olhos fechados, totalmente entregue às sensações. Após acabar o banho, me visto apressado e coloco um grosso casaco de couro.
   Meu celular toca. Ansioso, atendo.
   -Alô -disse com a voz trêmula.
   -Estou aqui em baixo. Desce. -responde uma voz dura.
   Extremamente nervoso, desço as escadas. O carro preto me espera, com todas suas janelas fechadas. Chego perto e a porta se abre.
   -Boa noite.
   -Boa noite. Precisava mesmo te ver.
   -Precisava? -pergunto com ar de surpresa.
   -Sim. Temos que conversar. -disse com firmeza.
   O carro acelerou e seguimos em silêncio por algumas quadras, até que finalmente sua voz quebrou o momento taciturno.
   -Não consigo parar de pensar em ti. Eu acordei e estiquei os braços pela cama te procurando. Levantei e te procurei pela casa, mesmo sabendo que tu não estavas lá. Olhei no celular e procurei novas mensagens tuas. Almocei e vi teu rosto em todo o lugar. Senti teu perfume enquanto andava até o trabalho. Por que tu fizestes isso comigo? -perguntou com a voz estremecida.
   Assustado e confuso com tudo que acabei de ouvir, falei:
   -Tu sabes que eu ficaria contigo. Tu sabes que, desde o momento que começamos a sair, tivemos uma ligação. Nós sentimos alguma coisa um pelo outro. Por que tens tanto medo disso? Por que não consegues admitir para ti mesmo o que grita no teu interior?
   -Eu tenho e amo alguém. Não deixaria desse alguém pra viver algo assim. Isso simplesmente não é certo! Não consegues ver? Não pode ser certo!
   -O que não é certo? -pergunto com a voz alterada- Sentir algo por mim?
   -A questão não é tu! -gritou entre lágrimas- Não sou assim!
   -Por favor, me leva pra casa. Não posso conviver com algo assim -desabafo, quase me arrependendo de cada palavra que escapa pela minha boca.
   O carro deu meia volta e seguimos em silêncio. Tudo passa como um vulto. As luzes são borrões amarelos por conta das lágrimas que inundam meus olhos.
   Finalmente chegando em casa, miro seu rosto e pergunto:
   -É isso? Acabou?
   -Sim. Sinto muito. Não posso mudar os fatos -respondeu de forma quase que agressiva.
   Saio do carro. Logo que coloco os dois pés na calçada, ouço o veículo acelerando e olho pra trás, até que ele sumiu ao dobrar a esquina.
   Subo as escadas de forma frenética. Entro em casa, tranco a porta, jogo toda a roupa pelo chão e me afundo mais uma vez em meio a tantos cobertores. Fecho os olhos para tentar cair num sono profundo e logo após, acordar, acreditando que tudo tivera sido um sonho ruim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário