sexta-feira, 29 de maio de 2015

Aceitas?

   Faz um longo tempo desde que estive aqui pela última vez. O jardim permanece o mesmo. Os bancos com madeira lascada, a grama cortada e envolto por árvores altas e úmidas. Não é tarde e o tempo continua a se arrastar. Fecho meus olhos e me entrego à nostalgia do momento. O vento gelado bate contra meu rosto, me fazendo sentir um calafrio que atravessa todo o corpo. O cheiro de terra molhada inunda minha mente, me atordoando. Está nublado, quase escuro, e a única luz presente é a que vem dos poucos postes colocados aleatoriamente ao redor do parque. Não há flores para se ver, apenas árvores frias e gigantescas, cercadas por uma grama cortada e de uma cor amarelada, limitada por pedras disformes e escorregadias.
   Caminho com passos arrastados, sem pressa de seguir em frente. Sozinho, abro e mente e deixo as coisas saírem. Me deparo com uma vontade imensa de segurar a tua mão.
   É quase que uma necessidade vital te ter por perto. É como se o ar que eu respirasse direto da tua boca me fizesse sentir mais vivo. É como se, enquanto segurando a tua mão, eu fosse a pessoa mais segura do mundo. É essa a sensação que me fazes sentir. A sensação de estar pleno, de estar completo, seguro. A sensação de ser um homem de verdade. A sensação de querer te proteger, te cuidar, de ser tudo pra ti.
   Quando estamos com o rosto colado e sinto teu sorriso, não preciso de mais nada. Te ver feliz é o que mais me deixa feliz, e é com isso que estou disposto a conviver pro resto da vida.
   Mesmo estando aqui sozinho, uma sensação boa permanece forte no meu peito. Estou de volta em casa. Aqui, sou dono do mundo. E quero dividí-lo contigo. Aceitas? É só segurar minha mão e seguir comigo, lado a lado, e te prometo a plenitude de uma vida feliz.
   A noite vem chegando de surpresa. O vento se torna mais forte e pingos surgem da escuridão que se faz sobre a minha cabeça. O cheiro de terra molhada se intensifica e se mistura ao de grama. Sorrindo, deixo o parque pra trás e sigo em direção à minha casa, com o coração batendo forte e contigo nos pensamentos.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Magic Garden

   É um jardim lindo. Flores por todos os lados. A paisagem é cheia de cores e noite é clara. Milhares de estrelas iluminam toda a extensão do lugar, tornando-o mais mágico. Ao meio de tudo, a tua silhueta nua se desenha na grama. Tu possui uma força que me atrai como dois polos opostos de um imã. Ando em tua direção e sinto o orvalho umedecendo meus pés descalços, me fazendo sentir um arrepio. Seguro tua mão, te erguendo junto a mim. Nossos corpos se encaixam perfeitamente e, com os dedos cruzados, beijo tua clavícula. Coloco o rosto contra o teu pescoço e subo minha boca em direção à tua. Quando colo nossos lábios, minha mão automaticamente sobe até teu cabelo e o segura com força. Te beijo de forma intensa e puxo teu rosto para trás. Desço os lábios pelo teu pescoço e beijo teu peito nu. Passo a mão pelo teu corpo, sentindo-o como parte de mim. Seguro tua cintura e mais uma vez coloco a boca contra a tua e as nossas línguas dançam de forma quase ensaiada. Deitamos na grama úmida e nossas pernas se encaixam. Quase como uma necessidade, nos tornamos um só. Tua boca abre e, por entre gemidos, um "eu te amo" intensifica tudo. Após cessarem os sons, meu olhar encontra o teu e, com um sorriso, deito no teu peito e assim ficamos, sentindo a plenitude de uma felicidade promissora.

domingo, 14 de setembro de 2014

Bomba

   Engraçado o efeito que teu beijo causa no meu corpo. É como uma chama que, por mais pequena que seja, acende um pavio e acaba explodindo todo o resto. É como se eu fosse uma bomba e teus lábios soubessem qual o fio cortar para que a explosão aconteça instantaneamente. E eu explodo mesmo, sem medo do estrago.
   Noite passada sonhei com a gente. De novo. O sonho me deixou intrigado. Não era como se nunca tivesse acontecido antes, mas foi especial. Posso resumir tudo em cinco palavras: minha boca no teu corpo. Foi basicamente isso. Eu beijando teu corpo enquanto tu deixava escapar leves sons por entre teus lábios. Naquele momento, eu poderia ter certeza do que significa sentir-se pleno. Sentir a sensibilidade entre os corpos, cada parte de ti grudada em mim, querendo que o momento perdurasse por pelo menos mais algumas longas e proveitosas horas.
   Não sou um garoto de vícios, mas saiba que há drogas impossíveis de se largar no momento em que se experimenta. Drogas fatais. E tu é a minha droga fatal favorita.

sábado, 7 de junho de 2014

Infinito Oceano

Vem,
Mas vem sem medo.
Te joga no mar do meu corpo
Te ensino a enfrentar minhas águas turbulentas.

Vem,
Mergulha nas minhas profundezas.
Explora meus mistérios,
Conquista todas as minhas riquezas.

Te afoga em mim.
Me entrega tuas esperanças, teus medos.
Tenha a certeza de que depois que entrar, nunca mais sairás.
Serás pra sempre parte do meu infinito oceano.




domingo, 19 de janeiro de 2014

Praia

Um céu claro, iluminado por infinitas estrelas e com a lua cheia brilhando intensamente. Ao longe, o som de um violão. Nossos pés na areia, a tua cabeça no meu ombro e nossas mãos se tocando numa sintonia quase ensaiada. Ao olhar pro teu rosto, o brilho dos meus olhos conversa com o brilho dos teus, expressando o desejo de colar a minha boca na tua. E ali se resume o nosso mundo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Was it a bad dream?

   Era apenas um dia como outro qualquer. O despertador toca e, após desligá-lo, fico deitado por mais alguns minutos até que a coragem de levantar chega até mim. Puxo os cobertores para o lado, me arrasto para fora da cama e abro uma pequena fresta da janela. O vento frio me faz recuar e o céu nublado me instiga a voltar para baixo das cobertas. Persistente, sigo até o guarda-roupa, abro-o e pego uma calça qualquer. Fitando a alta pilha de roupas e sem vontade de escolher, me contento com a bem de cima. Sem muita firmeza, sigo até o banheiro e ligo o chuveiro. Vou me despindo enquanto sinto o frio se alastrando por cada fração do meu corpo, até que finalmente é quebrado pelo jato de água quente que sai do chuveiro. Fico alguns minutos de olhos fechados, totalmente entregue às sensações. Após acabar o banho, me visto apressado e coloco um grosso casaco de couro.
   Meu celular toca. Ansioso, atendo.
   -Alô -disse com a voz trêmula.
   -Estou aqui em baixo. Desce. -responde uma voz dura.
   Extremamente nervoso, desço as escadas. O carro preto me espera, com todas suas janelas fechadas. Chego perto e a porta se abre.
   -Boa noite.
   -Boa noite. Precisava mesmo te ver.
   -Precisava? -pergunto com ar de surpresa.
   -Sim. Temos que conversar. -disse com firmeza.
   O carro acelerou e seguimos em silêncio por algumas quadras, até que finalmente sua voz quebrou o momento taciturno.
   -Não consigo parar de pensar em ti. Eu acordei e estiquei os braços pela cama te procurando. Levantei e te procurei pela casa, mesmo sabendo que tu não estavas lá. Olhei no celular e procurei novas mensagens tuas. Almocei e vi teu rosto em todo o lugar. Senti teu perfume enquanto andava até o trabalho. Por que tu fizestes isso comigo? -perguntou com a voz estremecida.
   Assustado e confuso com tudo que acabei de ouvir, falei:
   -Tu sabes que eu ficaria contigo. Tu sabes que, desde o momento que começamos a sair, tivemos uma ligação. Nós sentimos alguma coisa um pelo outro. Por que tens tanto medo disso? Por que não consegues admitir para ti mesmo o que grita no teu interior?
   -Eu tenho e amo alguém. Não deixaria desse alguém pra viver algo assim. Isso simplesmente não é certo! Não consegues ver? Não pode ser certo!
   -O que não é certo? -pergunto com a voz alterada- Sentir algo por mim?
   -A questão não é tu! -gritou entre lágrimas- Não sou assim!
   -Por favor, me leva pra casa. Não posso conviver com algo assim -desabafo, quase me arrependendo de cada palavra que escapa pela minha boca.
   O carro deu meia volta e seguimos em silêncio. Tudo passa como um vulto. As luzes são borrões amarelos por conta das lágrimas que inundam meus olhos.
   Finalmente chegando em casa, miro seu rosto e pergunto:
   -É isso? Acabou?
   -Sim. Sinto muito. Não posso mudar os fatos -respondeu de forma quase que agressiva.
   Saio do carro. Logo que coloco os dois pés na calçada, ouço o veículo acelerando e olho pra trás, até que ele sumiu ao dobrar a esquina.
   Subo as escadas de forma frenética. Entro em casa, tranco a porta, jogo toda a roupa pelo chão e me afundo mais uma vez em meio a tantos cobertores. Fecho os olhos para tentar cair num sono profundo e logo após, acordar, acreditando que tudo tivera sido um sonho ruim.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Girl, just don't feel...


   Talvez tendo assistido tantos filmes e romances bobos, tenha acabado me acostumando com histórias certas e idealizadas que nunca poderiam ser reais. Como conseqüência, posso ter deixado parecer sentir o que nunca senti apenas seguindo um roteiro escrito no inconsciente, não pretendendo em momento algum iludir ou criar falsas expectativas. Sei bem como funciona todo esse negócio de gostar, ou pelo menos acho que sei. Se viu minha “máscara” caindo, é porque de certo modo eu quis que tivesse visto. Se minhas palavras foram inesperadas ou até mesmo agressivas, é porque não tenho medo de falar o que penso e expressar o que sinto perto de ti.
   De qualquer maneira, sinta-se importante. Tenho a certeza de que amor nunca existiu entre nós, mas uma grande consideração é inegável.  Através do meu olhar, só a verdade. Amor não é o único sentimento possível nessas ocasiões, sabe?! Existe o carinho, o ‘querer bem’... Sim, te quero muito bem e é por estar pensando em outro alguém que acho injusto continuar alimentando qualquer possibilidade de um “nós”. Garota, não tente entender nem explicar. Faça como eu: não sinta.